sexta-feira, 28 de março de 2008


[ Memórias 1 ]

Acreditem ou não, o Luiz e eu fizemos o nosso primeiro livro e a nossa primeira capa,
O ösculo pöstumo, a quatro mãos, em 1988! A edição foi dos autores. Estávamos com apenas 21 aninhos, ah, que época boa. Tínhamos acabado de sair do Mackenzie, onde começamos a nossa história, livres e apaixonados. Jovens idealistas e sonhadores, queríamos mudar o mundo e ser internacionalmente famosos, fazíamos vários cursos de filosofia e arte na Associação Palas Athenas (onde o livro foi lançado). O Luiz fez os poemas concretos e eu cuidei das ilustrações, também concretistas, e tudo foi finalizado com letraset e fotocomposição! Não existia, pasmem, o computador, e tudo foi feito na prancheta: com régua, esquadro, tesoura e cola pritt. Já ouviram falar de pastup e arte-final? Pois é, tudo era feito com muito cuidado e paciência. A parentada e os amigos foram todos ao lançamento, prestigiar os futuros e promissores escritores-artistas. Hoje, após 20 anos de luta, estamos aqui, com saudades dessa época maravilhosa em que tudo parecia mais fácil. Muita coisa passou, os cineclubes, o Madame Satã, o Free Jazz Festival, o Carlton Dance Festival, quase tudo ficou pra trás, as páginas amareladas d’O ösculopöstumo... Mas por sorte, olha só o destino, ainda continuamos juntos e sonhando, o amor tornou-se maduro, calejado. Não conseguimos a fama internacional, não ficamos ricos e poucos lêem os nossos livros, e, pior, não conseguimos mudar o mundo. Mas hoje não vivemos sem o computador. Hoje também temos uma filha e estamos revivendo juntos os medos da adolescência, as frustrações e os sonhos. A vida continua, de um modo ou de outro. Estamos felizes, na medida do possível, e por mais singela que a nossa história tenha sido e continue a ser, é a nossa história, e oxalá ela continue por muito tempo.

terça-feira, 25 de março de 2008


[ BR.doc ]

Adrienne Myrtes envia um exemplar do seu primeiro juvenil para o Achados & Perdidos.

A editora Escala Educacional lançou a série BR.doc, com livros de aventura para as crianças e os adolescentes. Todos os títulos da coleção usam conhecidos cenários brasileiros para contar boas histórias e valorizar a cultura nacional. As histórias têm dois pontos bem marcantes: o cenário brasileiro e um documento, que pode ser uma carta, um cd, um registro histórico… Ou tudo isso junto.

Autores como Luís Dill e ilustradores como Caco Galhardo toparam o desafio, mas o destaque da coleção é a participação de Marcelino Freire, ganhador do Prêmio Jabuti de 2006 na categoria Contos, com o livro Contos negreiros (Record). Com a ajuda da amiga e escritora Adrienne Myrtes, o romance foi escrito a quatro mãos, com ilustrações de César Landucci (personagens) e Alexandre Camanho (cenários).

Linda é filha de um famoso escritor que deixou de escrever. Ela mesma não conhece os livros do pai. Nunca os leu. Quando ele morre repentinamente, Linda é enviada por sua mãe para a casa da avó, Carla, que mora em Olinda, Pernambuco. Lá, conhece os livros do pai e descobre muito mais sobre a sua própria história. Ambientada em uma cidade encantadora e misteriosa, a aventura de Linda em Olinda promete muito suspense e inúmeras reviravoltas.

O Luiz e eu gostamos muito desse romance, principalmente da lenda dos túneis, que deu vida ao enredo, enchendo-o de mistério. Ao ler o livro você fica tão envolvido com a paisagem e com a história Pernambucana! Sua gente, suas igrejas e seus mistérios são deliciosos. Você sente que está ali, presente, vivendo a aventura. Ah, nada como ter raízes profundas com a sua terra natal! O mais legal de tudo foi o documento que os autores usaram como ponto de partida: o próprio livro, que é a história do livro dentro de um livro. Enfim, não deixem de ler esta aventura com direito a um Caderno de Viagens, uma espécie de bastidores da obra, e as deliciosas receitas nativas. Saboreie.

Série BR.doc
Autores amigos: Marcelino Freire e Adrienne Myrtes (A linda história de Linda em Olinda), Luís Dill (Dinamite ao meio-dia), Luiz Roberto Guedes (O caçador do arco-íris) e Índigo (O segredo do vô Juvêncio).